Ser Poeta
Ser poeta é ser um louco
É falar de tudo um pouco
E nunca estar satisfeito…
É ser assim desse jeito.
P’ra ele a realidade
Não existe na verdade
Vive num mundo só seu
Ou então no de Orpheu
Diz o que lhe vai na alma
Mesmo se fere ou se acalma
Se acaso não tem razão
Navega numa ilusão
Vive no mundo dos sonhos
Do amor colhe os medronhos
Que o seduzem e embriagam
E a sua vida estragam
Em sua mente passa a dor
O sofrimento, o amor,
Paixão não correspondida
E uma vida mui sofrida
P’ra ele o tempo não passa…
Na alegria ou na desgraça
A vida é sempre poesia
Há que viver cada dia
Amy Dine
2015 Vila do Conde
Gotas de orvalho em frias madrugadas
Raios de luz em noites enluaradas...
Surgem poemas da alma brotando!
Aos poucos os corações acalmando.
Em cada dia iluminando a estrada
De quem sem forças segue a jornada...
São ecos da alma,gritos de dor...
São sorrisos, ternura,beijos de
amor.
Amy Dine
2015 Vila do Conde
Amy Dine
2015 Vila do Conde
Poeta não sou…Porém na noite escura
Surgem palavras trazidas pelo vento.
Vêm de longe como hum lamento,
Trazendo à vida um pouco de frescura.
Então pego a caneta á luz da lua
No papel branco eu vou garatujando…
Deixando que a escrita assim flua
Frases e mais frases amontoando.
E quando um raio de sol no horizonte
Anuncia o chegar da madrugada
Surge então da inspiração a fonte
E finalmente surgiu um poema!
Coordenando assim a escrita desordenada
Eu vejo assim minha obra terminada.
Amy Dine
201 Vila do Conde
O mendigo e seu cão
Vi-o ali ao dobrar a esquina,
Pobre mendigo, alma peregrina,
Esfarrapado, sobre o sujo chão
E nele enroscado estava o seu cão.
Observei enquanto caminhava;
Solícito, o mendigo partilhava
Com o seu animal de estimação
Um naco de seu bolorento pão.
Olhava-o com ternura e com carinho
Afagava seu pelo de mansinho
Enquanto este lhe lambia as mãos…
Seus olhares de ternura se cruzavam
E na desgraça ambos se amparavam
Unidos como se fossem irmãos.
Amy Dine
2015 Vila do Conde
O varredor
Formara-se! Era agora engenheiro…
Mas o seu plano de ganhar dinheiro
Apenas se tornou mera ilusão
Quando seus sonhos rolaram no chão.
A crise lhe trouxera o desemprego
E junto com ele o desassossego.
E um dia aceitou como varredor
Deixar p’ra trás o outro seu valor.
Fechado em casa todo o santo dia
Só ao cair da noite ele saía
Empurrando pá, vassoura, carrinho.
Escondido assim de olhares curiosos
Calcorreava os becos duvidosos
Na esperança de encontrar o seu caminho.
Amy Dine
2015 Vila do Conde
Coração azul
Famintos, feridos, desprezados
Vagueiam pl’as ruas, pobres coitados
Esperando que a morte apareça
Ou que alguém deles se compadeça…
Percorrendo as ruas de norte a sul
A equipa do coração Azul
Se encontra um animal abandonado
Com zelo logo o toma ao seu cuidado.
E dele trata com muito carinho
Até lhe encontrar um lar, um cantinho
De paz, amor, tranquilidade,
Onde ele seja feliz em liberdade.
Que bom, na sociedade de hoje em dia
Haver jovens que partilhem alegria
E não se cansem de com seu amor
Tornar a vida um pouco melhor.
Sejamos pois com eles solidários
Para que não se sintam solitários
Nesta nobre obra de bem fazer:
“Os animais vadios acolher”.
Amy Dine
2015 Vila do Conde
As cores do mar da vida
As cores do mar da vida
Por vezes indefinida,
Fazem parte da jornada.
E esse arco-íris colorido
Acaba por ter sentido
Nesta nossa caminhada…
Navego no mar da vida
Mas não sou barca perdida
Vagando contra a maré.
Qual farol que me alumia,
Por timoneiro e meu guia
Vai JESUS de Nazaré.
Se nas ondas alterosas
Ou entre praias rochosas
A nau tenta soçobrar
Eu vislumbro o Timoneiro
Com seu gesto tão certeiro
O meu leme a manobrar.
E sigo assim a jornada
Sentindo-me bem guiada
Mesmo em meio ao temporal
Pois um dia irei chegar
A praias de além- mar
Nesse dourado areal.
E em paz contemplarei
Esse lar que alcancei
Longe de todas as dores
Pois as vidas se repetem
E no mar se refletem
Num arco-íris de cores.
Amy Dine
2015 Vila do Conde
PEDRAS NO
CAMINHO
Pedras,rebos,seixos,calhaus
Arrastados
pelas águas que passaram
E agora
abandonados os deixaram
Ao longo do
trajeto percorrido.
Tambem na
nossa vida os encontramos
E em alguns
deles tropeçamos
Deixando em
nós o sentimento ferido.
Amy Dine
2012 Vila do Conde
FOLHA CAÌDA
Arrancada pelos ventos Outonais
A ultima folha verde caiu da árvore
E juntou-se no chão com as demais.
Agora apenas lhe resta esperar…
Alguns dias somente e murchará.
Só então serão todas iguais.
Amy Dine
2012 Vila do Conde
CRIANÇAS
NO MUNDO
CRIANÇA
nascida do amor
Criada
com desvelo e carinho
Cuidada
e estimada
Protegida
em teu “ninho”
CRIANÇA
maltratada, abandonada
CRIANÇA
“vádia”
Errante
e sozinha
De
noite e de dia…
CRIANÇA
da guerra,nascida do ódio
Sem
pais,sem irmãos
Que
vagueias perdida
E
nos estendes as mãos…
CRIANÇA
da fome e da miséria
Que
esgravatas o chão
À
procura de algo
Que
te sirva de pão…
Teu
olhar terno CRIANÇA
E
sorriso franco
Trazem-nos
a esperança
De
um mundo melhor
Aonde
não haja raças,
Partidos,religiões
ou cor
Aonde
todos unamos as mãos
Para
juntos caminharmos
Como
Deus pede: Iguais e irmãos!
Amy Dine
2012 Vila do Conde
CHEGOU
O OUTONO
Há
mil folhas já caídas
Jazendo
amarelecidas
Ou
num rodopio sem norte
Sob
a acção do vento forte.
Chuvadas
inesperadas
Deixam
estradas inundadas,
As
ruas cheias de lama
E
alguns até sem cama!
Há
dias mais ensombrados
Outros
mais ensolarados…
E
como que por magia
Surge
em nós a nostalgia.
Já
sabe bem um agasalho…
E
ao irmos pr’o trabalho
Não
sabemos que vestir…
“Deus
sabe o que está pr’a vir”!
Já
chegou o Outono amigo
Trazendo
no seu “umbigo”
Uma
série de mudanças
E
inúmeras contradanças.
Amy Dine
2012 Vila do Conde
ÁRVORE
APODRECIDA
Já fora outrora vetusta e bela…
Tinha
sido até pintada numa tela!
Era
frondosa e seus ramos abrigavam
Os
passarinhos que em seus ninhos chilreavam.
Mas
um triste dia um bicho nela entrou
Suas
raízes roeu e ela secou…
Uma
a uma suas folhas se murcharam
E
seus ramos secos,se quebraram.
Hoje
a árvore jaz em pedaços pelo chão.
O
orgulho de outros tempos foi em vão,
Já
nem sequer para lenha presta…
Pedaços
apodrecidos é tudo o que dela resta.
Amy Dine
2012 Vila do Conde
EXISTÊNCIAS CARNAVALESCAS
No palco da existência todos jogamos o “Carnaval”
da vida…
Alguns não olham a meios para atingir seus fins,
por isso disfarçam-se. Usam “máscaras”.
Fazem-se passar por quem não são e prosseguem felizes,
pensando ludibriar os outros, até ao dia em que por acidente a “máscara” cai,
deixando a descoberto seu verdadeiro carácter defeituoso.
Que a nossa conduta seja de tal modo transparente
que não tenhamos de usar “máscara” para sermos aceites pelos outros.
Tenhamos a coragem de nos assumirmos como somos.
Sejamos nós mesmos!
Amy Dine
2012 Vila do Conde
S.O.S., de Amy Dine - Formatação de Denise Ávila
Pescadores Heróis
H oras Amargas e de solidão
E nfrentando as vagas em turbilhão…
R ostos curtidos, franzida a fronte,
O lhar atento, perscrutando o horizonte,
I mplorando aos céus a divina graça…
S ão estes os heróis poveiros, os pescadores de raça!
D e onde foi que eles surgiram?
O nde será que se fixaram?
M ar, tu que muitos guardas em teu ventre
A branda a tua fúria e docemente
R efreia tua sede de vingança…
M ar, tenta doravante ser bondoso,
A ceita o seu esforço doloroso,
R azão de sua subsistência.
A todos homenageamos!
T odos eles são heróis.
O ntem, hoje e depois
N esta luta p’la vida,
A esperança nunca perdida…
E m perigos inúmeras vezes
M as com denodo enfrentando revezes
P escadores Poveiros nós vos louvamos
O disseias vossas recordamos
E façanhas de bravura.
S ois vós os nossos heróis.
Í nclita geração sois…
A vós a nossa ternura.
Amy Dine
2012 Vila do Condee
Ser Poeta
Ser poeta é ser um louco
É falar de tudo um pouco
E nunca estar satisfeito…
É ser assim desse jeito.
P’ra ele a realidade
Não existe na verdade
Vive num mundo só seu
Ou então no de Orpheu
Diz o que lhe vai na alma
Mesmo se fere ou se acalma
Se acaso não tem razão
Navega numa ilusão
Vive no mundo dos sonhos
Do amor colhe os medronhos
Que o seduzem e embriagam
E a sua vida estragam
Em sua mente passa a dor
O sofrimento, o amor,
Paixão não correspondida
E uma vida mui sofrida
P’ra ele o tempo não passa…
Na alegria ou na desgraça
A vida é sempre poesia
Há que viver cada dia
Amy Dine
2015 Vila do Conde
Gotas de orvalho em frias madrugadas
Raios de luz em noites enluaradas...
Surgem poemas da alma brotando!
Aos poucos os corações acalmando.
Em cada dia iluminando a estrada
De quem sem forças segue a jornada...
São ecos da alma,gritos de dor...
São sorrisos, ternura,beijos de amor.
São sorrisos, ternura,beijos de amor.
Amy Dine
2015 Vila do Conde
Amy Dine
2015 Vila do Conde
Poeta não sou…Porém na noite escura
Surgem palavras trazidas pelo vento.
Vêm de longe como hum lamento,
Trazendo à vida um pouco de frescura.
Então pego a caneta á luz da lua
No papel branco eu vou garatujando…
Deixando que a escrita assim flua
Frases e mais frases amontoando.
E quando um raio de sol no horizonte
Anuncia o chegar da madrugada
Surge então da inspiração a fonte
E finalmente surgiu um poema!
Coordenando assim a escrita desordenada
Eu vejo assim minha obra terminada.
Amy Dine
201 Vila do Conde
O mendigo e seu cão
Vi-o ali ao dobrar a esquina,
Pobre mendigo, alma peregrina,
Esfarrapado, sobre o sujo chão
E nele enroscado estava o seu cão.
Observei enquanto caminhava;
Solícito, o mendigo partilhava
Com o seu animal de estimação
Um naco de seu bolorento pão.
Olhava-o com ternura e com carinho
Afagava seu pelo de mansinho
Enquanto este lhe lambia as mãos…
Seus olhares de ternura se cruzavam
E na desgraça ambos se amparavam
Unidos como se fossem irmãos.
Amy Dine
2015 Vila do Conde
Formara-se! Era agora engenheiro…
Mas o seu plano de ganhar dinheiro
Apenas se tornou mera ilusão
Quando seus sonhos rolaram no chão.
A crise lhe trouxera o desemprego
E junto com ele o desassossego.
E um dia aceitou como varredor
Deixar p’ra trás o outro seu valor.
Fechado em casa todo o santo dia
Só ao cair da noite ele saía
Empurrando pá, vassoura, carrinho.
Escondido assim de olhares curiosos
Calcorreava os becos duvidosos
Na esperança de encontrar o seu caminho.
Amy Dine
2015 Vila do Conde
Coração azul
Famintos, feridos, desprezados
Vagueiam pl’as ruas, pobres coitados
Esperando que a morte apareça
Ou que alguém deles se compadeça…
Percorrendo as ruas de norte a sul
A equipa do coração Azul
Se encontra um animal abandonado
Com zelo logo o toma ao seu cuidado.
E dele trata com muito carinho
Até lhe encontrar um lar, um cantinho
De paz, amor, tranquilidade,
Onde ele seja feliz em liberdade.
Que bom, na sociedade de hoje em dia
Haver jovens que partilhem alegria
E não se cansem de com seu amor
Tornar a vida um pouco melhor.
Sejamos pois com eles solidários
Para que não se sintam solitários
Nesta nobre obra de bem fazer:
“Os animais vadios acolher”.
Amy Dine
2015 Vila do Conde
As cores do mar da vida
As cores do mar da vida
Por vezes indefinida,
Fazem parte da jornada.
E esse arco-íris colorido
Acaba por ter sentido
Nesta nossa caminhada…
Navego no mar da vida
Mas não sou barca perdida
Vagando contra a maré.
Qual farol que me alumia,
Por timoneiro e meu guia
Vai JESUS de Nazaré.
Se nas ondas alterosas
Ou entre praias rochosas
A nau tenta soçobrar
Eu vislumbro o Timoneiro
Com seu gesto tão certeiro
O meu leme a manobrar.
E sigo assim a jornada
Sentindo-me bem guiada
Mesmo em meio ao temporal
Pois um dia irei chegar
A praias de além- mar
Nesse dourado areal.
E em paz contemplarei
Esse lar que alcancei
Longe de todas as dores
Pois as vidas se repetem
E no mar se refletem
Num arco-íris de cores.
Amy Dine
2015 Vila do Conde
PEDRAS NO
CAMINHO
Pedras,rebos,seixos,calhaus
Arrastados
pelas águas que passaram
E agora
abandonados os deixaram
Ao longo do
trajeto percorrido.
Tambem na
nossa vida os encontramos
E em alguns
deles tropeçamos
Deixando em
nós o sentimento ferido.
Amy Dine
2012 Vila do Conde
FOLHA CAÌDA
Arrancada pelos ventos Outonais
A ultima folha verde caiu da árvore
E juntou-se no chão com as demais.
Agora apenas lhe resta esperar…
Alguns dias somente e murchará.
Só então serão todas iguais.
Amy Dine
2012 Vila do Conde
CRIANÇAS
NO MUNDO
CRIANÇA
nascida do amor
Criada
com desvelo e carinho
Cuidada
e estimada
Protegida
em teu “ninho”
CRIANÇA
maltratada, abandonada
CRIANÇA
“vádia”
Errante
e sozinha
De
noite e de dia…
CRIANÇA
da guerra,nascida do ódio
Sem
pais,sem irmãos
Que
vagueias perdida
E
nos estendes as mãos…
CRIANÇA
da fome e da miséria
Que
esgravatas o chão
À
procura de algo
Que
te sirva de pão…
Teu
olhar terno CRIANÇA
E
sorriso franco
Trazem-nos
a esperança
De
um mundo melhor
Aonde
não haja raças,
Partidos,religiões
ou cor
Aonde
todos unamos as mãos
Para
juntos caminharmos
Como
Deus pede: Iguais e irmãos!
Amy Dine
2012 Vila do Conde
CHEGOU
O OUTONO
Há
mil folhas já caídas
Jazendo
amarelecidas
Ou
num rodopio sem norte
Sob
a acção do vento forte.
Chuvadas
inesperadas
Deixam
estradas inundadas,
As
ruas cheias de lama
E
alguns até sem cama!
Há
dias mais ensombrados
Outros
mais ensolarados…
E
como que por magia
Surge
em nós a nostalgia.
Já
sabe bem um agasalho…
E
ao irmos pr’o trabalho
Não
sabemos que vestir…
“Deus
sabe o que está pr’a vir”!
Já
chegou o Outono amigo
Trazendo
no seu “umbigo”
Uma
série de mudanças
E
inúmeras contradanças.
Amy Dine
2012 Vila do Conde
ÁRVORE APODRECIDA
Já fora outrora vetusta e bela…
Tinha
sido até pintada numa tela!
Era
frondosa e seus ramos abrigavam
Os
passarinhos que em seus ninhos chilreavam.
Mas
um triste dia um bicho nela entrou
Suas
raízes roeu e ela secou…
Uma
a uma suas folhas se murcharam
E
seus ramos secos,se quebraram.
Hoje
a árvore jaz em pedaços pelo chão.
O
orgulho de outros tempos foi em vão,
Já
nem sequer para lenha presta…
Pedaços
apodrecidos é tudo o que dela resta.
Amy Dine
2012 Vila do Conde
EXISTÊNCIAS CARNAVALESCAS
No palco da existência todos jogamos o “Carnaval”
da vida…
Alguns não olham a meios para atingir seus fins,
por isso disfarçam-se. Usam “máscaras”.
Fazem-se passar por quem não são e prosseguem felizes,
pensando ludibriar os outros, até ao dia em que por acidente a “máscara” cai,
deixando a descoberto seu verdadeiro carácter defeituoso.
Que a nossa conduta seja de tal modo transparente
que não tenhamos de usar “máscara” para sermos aceites pelos outros.
Tenhamos a coragem de nos assumirmos como somos.
Sejamos nós mesmos!
Amy Dine
2012 Vila do Conde
S.O.S., de Amy Dine - Formatação de Denise Ávila
Pescadores Heróis
H oras Amargas e de solidão
E nfrentando as vagas em turbilhão…
R ostos curtidos, franzida a fronte,
O lhar atento, perscrutando o horizonte,
I mplorando aos céus a divina graça…
S ão estes os heróis poveiros, os pescadores de raça!
D e onde foi que eles surgiram?
O nde será que se fixaram?
M ar, tu que muitos guardas em teu ventre
A branda a tua fúria e docemente
R efreia tua sede de vingança…
M ar, tenta doravante ser bondoso,
A ceita o seu esforço doloroso,
R azão de sua subsistência.
A todos homenageamos!
T odos eles são heróis.
O ntem, hoje e depois
N esta luta p’la vida,
A esperança nunca perdida…
E m perigos inúmeras vezes
M as com denodo enfrentando revezes
P escadores Poveiros nós vos louvamos
O disseias vossas recordamos
E façanhas de bravura.
S ois vós os nossos heróis.
Í nclita geração sois…
A vós a nossa ternura.
Amy Dine
2012 Vila do Condee
Quanta saudade, meu pai!
Fez já dezanove anos que partiste
E em meu coração a saudade persiste.
Existe um vazio em minha vida…
Um lugar vago, a tua ausência.
Recordo os meus tempos de criança
Nos quais eu tinha loira trança…
Como então brincávamos e passeávamos!
Quando íamos de férias, á noitinha
E após uma longa caminhada,
Eu me sentia já cansada
Colocavas-me sobre teus ombros
E assim seguíamos felizes pela estrada
Até chegarmos á nossa “casinha”.
Tornei-me adolescente, mas sempre “tua menina”
Da qual cuidavas com desvelo e afeição.
Sim, eu sei: Fui a realização de teu sonho…
Eu era a “joia” do teu coração!
Mui cedo me ensinaste a conduzir
E quando fiz dezoito anos deste-me a maioridade,
Permitiste-me a liberdade, mas com responsabilidade!
Infelizmente bem cedo a doença te modificou
E o pai alegre e folgazão de mim roubou.
Imagino agora o que sentiste
No dia em que ao altar me conduziste
E para sempre me entregaste
Aos cuidados de um desconhecido…
Mas na minha frente não choraste!
Eu só te vi todo o tempo sorrir
E no dia seguinte então partir
Deixando-me gerir a minha vida,
Mas fazias-te presente nos momentos importantes.
Depois, mais tarde, com teus netos brincaste
E a eles também ensinaste
Os valores morais, a compreensão,
A honestidade, o dever,
A tua forma de estar e de ser.
Mas um dia, em silêncio, teu coração por fim parou
E a todos nós mais pobres deixou.
Porém, nas nossas vidas a tua presença
Ainda hoje marca a diferença.
Os ensinamentos que nos deixaste
Estão bem vincados na nossa personalidade.
Sei que estás em paz…
E um dia de novo nos reuniremos
E teus bisnetos então conhecerás.
Felizes, eternamente viveremos
E o resultado de tua presença
Sempre constante em nossas vidas
Então constatarás.
Até lá acompanhar-me há a dor,
A saudade, a ausência do teu amor.
Para ti, o homem que mais admirei na vida,
Neste dia dedicado ao Pai
De tua filha, por ti sempre querida
Minha homenagem aqui vai.
Amy Dine
2012 Vila do Conde
Amy Dine
2012 Vila do Conde
No horizonte o sol começa a declinar…
Vem daí amor, vem comigo ver o mar.
De mãos dadas vamos percorrer essa praia.
Olha o extenso areal
que ao nosso olhar se espraia…
Vê as ondas que em turbilhões de branca espuma
Se vêm desfazer na areia uma a uma.
Reclina a tua cabeça sobre o meu regaço·
Enquanto olho o mar, pleno de sargaço.
Gritos de gaivotas e ondas a marulhar
Fazem parte desta “Sinfonia” do mar!
Deixemo-nos levar por esta melopeia
Que acalma os corações e as almas enleia…
Mar, tu que pareces contar-nos teus segredos
Leva contigo para longe nossos medos,
Para que vivamos felizes como dantes,
Unidos nesta vida, eternamente amantes!
No horizonte o sol começa a declinar…
Vem daí amor, vem comigo ver o mar.
De mãos dadas vamos percorrer essa praia.
Olha o extenso areal
que ao nosso olhar se espraia…
Vê as ondas que em turbilhões de branca espuma
Se vêm desfazer na areia uma a uma.
Reclina a tua cabeça sobre o meu regaço·
Enquanto olho o mar, pleno de sargaço.
Enquanto olho o mar, pleno de sargaço.
Gritos de gaivotas e ondas a marulhar
Fazem parte desta “Sinfonia” do mar!
Deixemo-nos levar por esta melopeia
Que acalma os corações e as almas enleia…
Mar, tu que pareces contar-nos teus segredos
Leva contigo para longe nossos medos,
Para que vivamos felizes como dantes,
Amy Dine
2012 Vila do Condee
Amy Dine
2012 Vila do Condee
Nossos amigos - os animais
Aceita as criaturas
indefesas
Se DEUS as colocar no
teu caminho
E seja entre alegrias ou
tristezas
A ti sempre darão Amor, Carinho.
Criados são por DEUS,
tal como nós
São nossos companheiros
de jornada.
Diferem pela forma e pela
voz…
Com eles é mais leve a
caminhada.
Escuta os corações que
por ti clamam!
Eles te amam, brincam, sentem
dor…
E sentem fome, sede, às
vezes choram…
E não os abandones á sua
sorte.
Recebe-os em teus braços
com amor
E ser-te-ão leais até á
morte
Amy Dine
2012 Vila do Condee
Noite de luar
Noite de verão tão
serena e bela…
Olho o céu através da
janela.
Estrelas cintilam na
imensidão
E a ternura invade meu
coração.
Contemplo esse belo luar
de Agosto,
Bem de mansinho, a
iluminar teu rosto
E vejo-te sorrindo para
mim
Olhando-me com ternura
sem fim.
A lua com seu brilho
prateado
Envolve-nos agora com
cuidado…
Em teus braços então sou
enlaçada.
Sinto-me tão bem…que bom
ser amada!
Nossos lábios se tocam
de mansinho,
Nossas línguas se
envolvem com carinho
E no meu corpo tuas mãos
deslizam
Sabendo de antemão o que
pesquisam.
A paixão pouco a pouco
vai crescendo,
O amor nossos corpos
envolvendo
E sob o indiscreto olhar
da lua
Tu és meu e eu sou
somente tua.
Amamos como se o mundo
parasse
Como se nada ao redor importasse.
O coração e a alma em
sintonia
Cantam do amor terna
melodia.
Uma nuvem que passa lá
no céu
Encobre a bela lua, como
um véu
E por momentos ficamos
os dois
Como se já não houvesse
um depois.
Mas , eis que a lua
espreita sorridente
Cobrindo-nos com seu
brilho, contente
Por ver-nos ternamente
entrelaçados;
Sorrimos…Somos dois
apaixonados!
Noite de Luar, noite dos
Amantes
Às vezes perto outras
vezes distantes
E que trazes a cada
coração
O sonho, a saudade, a
ilusão…
Lua de Agosto, cálida e
brilhante
Prolonga em cada dia
este instante
A fim de que todos os
namorados
Vivam eternamente
apaixonados.
Amy Dine
2012 Vila do Condee
Amigo é todo aquele que não nos mente
Amigo é aquele que jamais nos trai
É quem o grito de nossa alma sente
E sabe a dor que no coração vai
Amigo não nos rouba a afeição
Nem abusa da nossa confiança
Amigo não nos fere o coração
E não nos faz viver sem esperança
"Amigos" falsos e dissimulados
Encontramos na vida cada dia...
Com eles, há que ter-mos mil cuidados!
Fazem-se de "inocentes" e "coitados"
Tiram-nos do viver a alegria
São "lobos" de "cordeiros" disfarçados.
Amy Dine
2012 Vila do Condee
Por favor…
Vem cedo,
Amor!
Vem deitar-te a
meu lado
Para que eu possa
descansar
Meu corpo tão
cansado
Das fadigas da
vida!
Quero ouvir-te
chamar-me querida.
Estende o teu
braço…
Quero no teu
ombro
Minha cabeça
pousar,
Quero poder-te
abraçar,
Encostar meu
peito ao teu,
Sentir-me tua e
saber que és meu…
Dá-me teus
lábios, vamo-nos beijar,
Quero poder amar…
Preciso dia-a-dia
do teu carinho,
Não quero
percorrer sozinha o meu caminho,
Vem, quero sentir
o teu calor,
Vem depressa, vem
dar-me o teu amor!
Amy Dine
2012 Vila do CondeeCRISTO NOSSA PÁSCOA
Despontava a madrugada…
E enquanto no horto oravas
A turba alvoraçada
Nem via o quanto choravas.
Choravas p’la humanidade
Que tanto querias salvar
Mas a sua crueldade
Bréve te iria matar.
Foste preso e condenado
Mas crimes não cometeste;
Humilhado e açoitado
Por coisas que não fizeste.
Naquela tão rude cruz
Teu corpo pendeu exangue
E por todos nós JESUS
Ali verteste Teu sangue.
Mas a cruz não te prendeu
E na tumba não ficaste
Um anjo do céu desceu
E por fim ressuscitaste!
Obtiveste a vitória
Sobre a morte que nos trai
E subiste então em glória
Para junto de DEUS PAI.
E do Teu trono da graça
Intercedes com amor
Não te importa crédo ou raça
Basta orar com fervor.
Agradeço-te bom DEUS…
Morreste por mim JESUS
Para um dia estar nos céus,
Nesse Teu reino de luz!
E na Páscoa recordamos
Esse teu imenso amor
E hossanas entoamos
Como preito de louvor!
Amy Dine
2012 Vila do Condee
As ondas, uma a
uma,
Amy Dine
2012 Vila do Condee
Apenas mulher
Era um jardim encantado…
Amy Dine
2012 Vila do CondeeDia dos Namorados
Cartas de amor, por sinal
Não passam de uma ilusão
Pois só expressam afinal
O que dita o coração.
Palavras leva-as o vento
E se acções não houver
Não passam de pensamento
Não têm valor sequer!
E os olhares num momento
De paixão e de ardor
Perdem o brilho e a côr
Mas o que resiste ao tempo
Á desilusão e dôr
É apenas o AMOR!
Amy Dine
2012 Vila do Condee
Confia em Deus
Quando a noite da tristeza
Envolver a tua alma
Não chores a incerteza,
Não deves perder a calma
Mesmo que queiras chorar,
Olha p’ra cima e sorri,
Jesus por muito te amar
Sofreu e morreu por ti
Não te abata qualquer dor
‘Inda não foste vencida
Pois não há coisa pior
Que levar assim a vida
Se algo te molestar
Ergue teus olhos aos céus
Logo tudo há-de passar
Lembra-te: ao leme está Deus
Amy Dine
1967 Lobito
É triste e ao mesmo tempo doce o amor!
É algo que se sente e faz sofrer,
É dor que fere, sem sequer doer,
É nosso sentimento interior
Mas esse amor se não retribuído
Irá fazer sofrer alguém que ama
E que deseja que essa mesma chama
Arda também num coração amigo.
Amor, é o companheiro que se alcança,
Mas traz desilusões, perda de esperança
E deixa em nosso ser amarga dor
Essa palavra doce e tão querida
E tantas vezes não retribuída
É simplesmente, é tão-somente AMOR
Amy Dine
1967 – Lobito
Prece para o ano novo
Senhor Jesus, este ano chega ao fim
E tanta coisa nele eu fiz errada!
Será que ainda tens perdão p’ra mimOu finalmente vou ser rejeitada?
Senhor, eu creio que me tens amor
Peço-te pois perdão por todo o mal;
Esquece os meus pecados por favor
E leva-me para o lar celestial
Um novo ano já vai começar
E meu querido Pai quero pedir
Que tu bênção, sim, me possas dar
E tua mão me impeça de cair.
Que eu, bom Deus, te tenha mais amor
Assim como ao meu próximo também,
Que eu saiba desculpar ao ofensor
E seja bem melhor, Jesus. Amen.
Amy Dine
1967 – Lobito
Teu último Adeus
Já gota a gota a chuva cai do céu...
Sinto saudade pois aqui não estás
Cobre meu coração um triste véu,
Algo me diz que não mais voltarás
Sabes? Naquele dia em que partiste
Os campos ainda estavam em flor
Agora a vida é triste, mesmo triste
Pois já não sei viver sem teu amor
Naquela tarde cheia de tristeza
Quando disseste o teu último adeus,
Murchou p'ra sempre toda a natureza
E só lamentos há, queixumes meus
Tão cheia de ilusão, felicidade,
A minha vida foi até então!
Mas tudo se tornou irrealidade
Ao se apartar de mim teu coração
E ao vir a solidão nas horas más
Procuro a direcção em que partiste
E penso que ainda um dia voltarás
P'ra consolar meu coração tão triste
Mas se isto for apenas ilusão
E nunca mais p'ra mim te vir voltar,
Relembra ao menos este coração
Que na distância sempre soube amar.
Amy Dine
1967 - Lobito
A Natureza
Ao contemplar um dia a natureza
Eu achei nela uma ternura infinda,
Mas vi também que toda essa beleza
Não era como outrora assim tão linda.
Ainda há belas aves muiticores
Singelas flores nos campos, tão cheirosas
E nascem os espinhos entre as flores
Murchando de tristeza as lindas rosas
Por todo o canto há dor, muita tristeza
A natureza morre dia-a-dia,
E aquilo que já foi rara beleza
Agora sofre angústia e carestia
Aqui só vemos morte, só há dor,
Nem alegria há, nem bem-estar
Os homens já não sentem esse amor
E tudo fazem somente a lutar
A minha alma então se entristeceu
Mas um raio de luz me fez lembrar
Que o bom Jesus que nessa cruz morreu
Virá um dia e tudo vai mudar
E Cristo regressar dos altos céus
O nosso sofrimento irá findar
Consigo irá levar todos os seus
A morte, a dor, a guerra acabarão
E tudo então ressurgirá de novo
Os mortos lá tumba sairão
E o belo mundo será bom de novo
Amy Dine
1967 – Lobito
Uma manhã de Outono, ao passear,
Recordo docemente a minha vida
E na memória a minha amiga querida
Que há alguns meses tive de deixar
As folhas mortas caem sobre a relva
E eu não consigo esquecer jamais
Que nesse tempo a vida nesta selva
Era mais bela e as duas tão iguais
Quando eu brincava, tu também brincavas
Quando eu te amava, tu também me amavas
Sem a saudade que hoje nos reúne
A vida aparta corações leais
Bem docemente e mesmo num só dia
Mas, oh!, eu nunca esquecerei jamais
A minha querida amiga que sorria
As folhas mortas caem sobre a relva
Mas que fazer para não mais pensar?
Pois nesse tempo a vida nesta selva
Era mais bela. Como é bom amar!
E lá nos bosques, árvores desnudadas
Anseiam p’lo calor daquele verão
E erguem-se para o céu resignadas
Quando a tristeza me enche o coração
E a vida que separa quem se ama
Vem brutalmente e como um rodopio,
Que nem consigo extinguir a chama
Que a fez partir p'ra longe, ela partiu.
As folhas mortas caem sobre a relva
E penso para mim, só, nesta vida
Que um dia a vida mesmo nesta selva
Será mais bela ao ver-te, Nela querida!
Amy Dine
1968 - Collonges
Angola, Terra Querida
Angola querida que estás distante
Ó como eu te recordo com saudade
E me lembro de ti a cada instante
Como se aí estivesse em realidade
Eu oiço o teu mar de um verde cristal
Ondulando doce à brisa da tarde,
Vir espraiar-se no branco areal
Entoando uma canção de saudade
Vejo no céu de anil o sol brilhar
com raios de oiro todo em resplendor
Chamando os homens para labutar,
Mandando à terra todo o seu calor
Ó, como eu aguardo esse feliz dia
Em que em teu solo desembarcarei
E então toda a saudade se esvazia,
Feliz p'ra sempre em ti eu viverei
Amy Dine
1969 - Collonges
Tristeza
Não mais ao pôr-do-sol eu te verei
Nem mais às quartas-feiras eu estarei
Como dantes, sentada junto a ti.
E nem tão pouco te ouvirei também
À noite, quando a lua se ergue além
Pois agora eu não mais estarei aí.
Contudo, vem recordar-me a saudade,
Em cada noite sem ter piedade,
Esse castelo que eu idealizei.
Mil sonhos cor-de-rosa hoje desfeitos
Desses projectos, sim, há pouco feitos
E tudo quanto amava aí deixei.
E voa assim o tempo sem parar
Fazendo a vida pois se transformar
Nesta tristeza e grande solidão.
P’ra mim a primavera já passou
O inverno, bem mais longo, já chegou
E a tristeza encheu meu coração.
Amy Dine
1970 - Bongo
Deixem-me sonhar!
Deixem-me sonhar!
Eu quero divagar
No meio de ilusões e de incertezas...
Eu quero lançar fora as tristezas
Que meu céu azul vêm toldar.
Deixem-me procurar!
Eu quero a felicidade encontrar...
Não importa se o passado foi tristonho,
Eu quero um futuro bem risonho
Que venha minha vida alegrar.
No meio de ilusões e de incertezas...
Eu quero lançar fora as tristezas
Que meu céu azul vêm toldar.
Deixem-me procurar!
Eu quero a felicidade encontrar...
Não importa se o passado foi tristonho,
Eu quero um futuro bem risonho
Que venha minha vida alegrar.
Amy Dine
1973 – V. Conde
S.O.S.
Sós! Será que estamos realmente sós?
Na Natureza podemos observar
toda a beleza da mão do Criador
e sentir em cada flor, regato, água
e até nos animais todo o seu amor!
Sós, mas sempre acompanhados
por esse Ser invisível
que pôs em nossas mentes
descobrir o impossível
e avançar com segurança
sabendo técnicas,
não perdendo a Esperança
de que mais além
há sempre algo a descobrir
se tivermos fé e coragem
e não quisermos desistir.
O aprender, o cair, o levantar
e sobretudo o não deixar de lutar,
existem no ser humano
desde o nascer ao morrer e fazem
parte da sua personalidade e existência.
Mas nesta luta muitas vezes desigual
entre Homem e Natureza
e entre cada animal,
só merece vencer quem não perder o Norte,
quem não temer a morte
e num grito de esperança S.O.S.
em Deus depositar a sua confiança
Amy Dine
1985 – V. Conde
Gosto
Gosto do sol e do mar
E gosto de Natureza
E das noites de luar
Em toda a sua grandeza
Eu gosto de contemplar
Lá do alto das montanhas
Um rio a serpentear
Por entre fragas tamanhas
Ao ver estrelas brilhar
Se observo o firmamento
Sinto Deus a me falar
Através do pensamento
Amy Dine
2011 – V. Conde
Lá em Dine, Trás-os-Montes,
Terra de rara beleza,
Desci rios, subi montes,
Partilhei co’a natureza
Nas árvores os passarinhos
Saltitam de galho em galho
Alimentando os filhinhos…
Deu-lhes Deus esse trabalho
E nos campos, animais
Vão pastando de mansinho
E há imensos milheirais
Sempre ao longo do caminho
Corre o Tuela mais além
De águas frescas e claras
Nele trutas vão e vêm.
Estas são imagens raras
Um moinho já velhinho
Agora desactivado
Relembra-nos com carinho
As histórias de um passado.
Já no alto da colina
Contemplo tudo ao redor
Vejo a aldeia pequenina
Branquinha - que esplendor!
Grutas! Os fornos de cal,
A Igreja pequenina
E até o Museu local,
Ai, meus sonhos de menina…
Ó terra p’ra mim querida
E origem de meu nome,
Amar-te-ei toda a vida
Até que a morte me tome.
Amy Dine
2011 – V. Conde
Para ti o Meu Poema
A ti, criança da guerra
Que perdeste pai e mãe
Num mundo só, sem ninguém
Dedico o meu poema
A ti, ó jovem soldado
Que és corajoso e forte
E tens de enfrentar a morte
Dedico o meu poema
A ti que foste emigrante
E que em terra estrangeira
Labutaste a vida inteira
Dedico o meu poema
A ti, só e abandonado,
E que estás já tão velhinho
Carente de amor, carinho
Dedico o meu poema
A vós, cansados da vida,
Da dor e da solidão,
Do fundo do coração,
Eu dedico o meu poema.
Amy Dine
2011 – V. Conde
Quando jovem tive sonhos,
Alimentei ideais,
Mas por falta de coragem
E p’ra não fazer sofrer
Esses que foram meus pais,
Um a um os vi morrer…
Tornaram-se irreais!
Agora com esta idade
Já pouco espero da vida,
Apenas resta a lembrança
Desses sonhos de criança
E dessa esp’rança perdida.
Amy Dine
2011 – V. Conde
Após um curto e cansativo dia,
Naquele fim de tarde, quem diria,
Rodeada de amigos lá no cais
Deixava Angola p’ra não voltar mais.
Chegara a hora, enfim, da despedida;
Ali passara dez anos de vida.
Cresci, estudei, me diverti, amei…
E um a um os abracei, beijei.
Ao ver chegar a hora do adeus,
Deixava p’ra sempre amigos meus.
Subi pelas escadas, da amurada
E vi seus rostos, triste, amargurada
Qu'ria gravá-los na minha memória
Pois eram parte já da minha história.
E pouco a pouco eu vi no firmamento
Um lindo pôr-do-sol nesse momento
Hum hum hum, esse som rouco e profundo
Soou no ar lá bem no fim do mundo.
Soltam amarras, içam a fateixa
Enquanto esse navio a terra deixa.
O Angola vai partindo lá do cais
Sulcando as águas lento, mais e mais.
E lenços brancos tremulam no ar,
Então ergo minhas mãos p’ra os saudar.
A noite tropical então chegou
E, enfim, com ela o coração gelou.
P’ra os carros todos partem a correr
E vão toda a Restinga percorrer
Essa língua de terra pelo mar dentro…
Hum hum hum outra vez aquele lamento,
Grito sinistro que me faz sofrer.
Pó-pó, pó-pó… eu consigo entender…
Eram eles a dizer: - Estamos aqui.
E a brisa disse: - Gostamos de ti!
Os carros tinham os faróis ligados,
E eles a correr, atarefados
Seguindo o barco ansiosamente
Gritando-me: Até sempre, até sempre!
E na Restinga, ai fim, subitamente
Pararam.E ali, bem lentamente
Se viram p’ró mar. Uma outra vez
O Angola estará próximo, talvez…
Lá estão eles! Ao passar o pontão,
Eu sinto bater forte o coração.
Faróis piscando num último adeus!
Assim eu vos recordo, amigos meus.
Meu coração ficou lá nesse cais,
Angola…, não te esquecerei jamais!
Amy Dine
2011 – V. Conde
Fecho os olhos. Volvendo ao passado.
Cercado de pastores e animais,
Ali te encontro em palhas deitado
Tal Deus, um homem foste entre os mortais
Tal Deus, um homem foste entre os mortais
Aos doze anos vejo-te no templo
Surpreendendo todos os rabinos
P'ra cada um tu foste um exemplo
Igual, mas diferente de outros meninos
E no baptismo o milagre acontece!
Do céu se ouviu a voz de Deus o Pai
Vinda do alto uma pomba aparece:
“Tens minha bênção, segue, Filho, vai…”
E sais a percorrer montes e vales
Pregando a paz, o amor e o perdão
Aos doentes os livravas de seus males
E sossegavas cada coração
E vejo-te pregado numa cruz
Braços abertos, com teu corpo exangue
E dás-nos Tua vida assim, Jesus
Comprada por Teu precioso sangue
Desce do céu um anjo em esplendor
Do túmulo a pedra é removida
E ouve-se no céu alto clamor…
E Deus o Pai te traz de novo à vida
E lá no monte, numa tarde calma,
Perante os olhos dos discípulos teus
Deixaste uma promessa em cada alma:
- Virei de novo, comigo ireis p'ra os céus.
Mas chego ao presente e abro os olhos
Nas lutas desta vida estás comigo
No meio desta lama, entre os escolhos
Pegas-me ao colo pois és meu amigo
E pela fé eu consigo antever
O dia glorioso em que verei
Com anjos mil Jesus do céu descer
Agora em glória e feito eterno rei
Então p'ra sempre o curso da história
Será mudado de mal para bem
De tudo o que passou não há memória
E vida eterna e paz o justo tem
Amy Dine
2011 – V. Conde
Ser poeta é ser um louco
É falar de tudo um pouco
E nunca estar satisfeito…
É ser assim desse jeito.
P’ra ele a realidade
Não existe na verdade
Vive num mundo só seu
Ou então no de Orpheu
Diz o que lhe vai na alma
Mesmo se fere ou se acalma
Se acaso não tem razão
Navega numa ilusão
Vive no mundo dos sonhos
Do amor colhe os medronhos
Que o seduzem e embriagam
E a sua vida estragam
Em sua mente passa a dor
O sofrimento, o amor,
Paixão não correspondida
E uma vida mui sofrida
P’ra ele o tempo não passa…
Na alegria ou na desgraça
A vida é sempre poesia
Há que viver cada dia
Amy Dine
2011 – V. Conde
Vale a Pena Viver
Olha p’rá vida em suas coisas belas,
Não te demores só entre os espinhos;
Repara que no céu brilham estrelas,
Nas árvores rouxinóis fazem seus ninhos.
Enxuga o pranto que te vai nos olhos
E vê que o sol de novo irá raiar
E mesmo entre a dor e os escolhos
Confia sempre, a sorte há-de mudar.
Nos prados cada dia surgem flores
E quando o vento sopra e a chuva cai
A natureza solta seus odores.
Na vida tudo pode acontecer:
No imenso mar a onda vem e vai
Que a vida é bela, como é bom viver!
Amy Dine
2011 – V. Conde
Saudade
Dos meus tempos de menina
Nos quais eu não tinha "idade",
Era sempre pequenina
Era sempre pequenina
Mas o tempo foi passando,
Muitas ilusões trazendo
E lá me fui transformando
Na pessoa que estão vendo
E, com o passar dos anos,
Desilusões, desenganos,
Também foram meu quinhão
Mas, lado a lado com Deus,
Confio-lhe anseios meus
E Ele estende-me a mão
Amy Dine
2011 – V. Conde
Póvoa de Varzim
Mar, rochas, areia
Paus de barracas erguidos no ar
E o vento norte que teima em soprar
Sol, nevoeiro, ronca
Ondas que trepam por cima do cais
E em estrondo rebentam nos areais
Barcos, lua, farol
Ao raiar o dia um a um regressam
E lá no cais as mulheres se apressam
Peixe, canastras, pregões
- Quem quer comprar a sardinha vivinha?
- Olha a marmota que está tão fresquinha!
Cafés, guarda-sóis, bicicletas
E o Passeio Alegre cheio de gente
Andando lesta p’ra trás e p’rá frente
Lojas, lojas, lojas
E na Junqueira pela rua fora
Um mar de gente passa a toda a hora
Luz, cor, alegria
É esta a Póvoa que eu aqui canto
É desta Póvoa que eu gosto tanto.
Amy Dine
2011 – VIla do Conde
Vida
O relógio da vida
No tempo que passa
Vai deixando indeléveis
As suas pégadas
Passadas curtas
Ou longas
Que cada um de nós
Vai percorrer
Horas marcadas
Pelos ponteiros
Desse relógio gigante
Horas amargas e de sofrimento
Minutos de bonança
E segundos de felicidade
E os ponteiros
Que teimam em girar
Marcam com precisão
A cadência
Da nossa existência
Finita e transitória
Até que um dia
Mais tarde ou mais cedo
A corda se quebra
E num momento
Os ponteiros param
Faz-se silêncio
E por uns instantes
Tudo passou
Mas mais além
No infinito
Numa outra dimensão
Há outro tempo
Aonde as horas
Não contam
Os minutos não passam
E os segundos
Não são mera ilusão
Lá é a eternidade
Aonde a vida
Será vivida plena
De paz, amor
E felicidade
Sim!
Lá bem para além
Deste céu azul
Que nos envolve
Existe um outro céu
Onde iremos
Finalmente repousar
Sem horas, minutos
Ou segundos
Para contar
Amy Dine
2011 – VIla do Conde
Aos que Partiram
Nesta minha caminhada,
Alguns fizeram parte
Do meu dia a dia;
Muitos me acompanharam
Pela estrada da vida atribulada,
Outros apenas
Se cruzaram no meu caminho
Ao longo desta jornada,
Mas todos eles deixaram
A sua pegada
Na minha existência.
Olhando ao redor,
Encontro lugares vagos
Deixados por aqueles que amei
Mas que um dia já partiram.
Permanece a saudade
No meu coração
Mas também
A grata recordação
Dos bons momentos
Vividos cada dia
Na sua companhia.
E, ao recordá-los assim,
Eles continuam ainda vivos
Bem cá dentro de mim.
Amy Dine
2011 – VIla do Conde
Amor de Criança
Foi um amor de criança.
Seu cabelo era em canudos,
Ela tinha longa trança.
Os anos os separaram...
Mais tarde, na adolescência,
Os dois se reencontraram.
Mas os pais se opuseram,
O destino os afastou
E suas vidas mudaram.
O tempo tudo alterou.
Apenas resta a amizade,
Tudo o mais ele levou.
Amy Dine
2011 – Vila do Conde
Voa, passarinho, voaCaminhava bem cedinho...
De súbito, à minha frente,
Cai a meus pés de repente
Um pequeno pardalinho.
De perninhas para o ar,
A respirar ofegante,
Parecia a qualquer instante
Sua vida terminar
Olhei-o com compaixão.
Seu coração assustado
Batia descompassado;
E peguei-o em minha mão.
Alisei suas peninhas,
Os olhinhos se cerravam
E as patinhas se encurvavam;
Afaguei suas asinhas.
Na concha da minha mão,
Muito bem aconchegado,
Com o meu bafo alentado,
A Deus pedi compaixão.
Ergui minha mão no ar,
Sobre as patitas se pôs,
Aos poucos se recompôs,
Parecia querer voar
Estremeceu seu corpinho,
Firmou-se bem nas perninhas
E batendo co'as asinhas
Lá voou o passarinho.
Vi-o então, feliz partir
Muito alegre, chilreava
E aos outros se ajuntava...
Só então pude sorrir...
Amy Dine
2011 – Vila do Conde
O Meu Canteiro
Em diferentes jardins criados
Um belo cravo rubro
E uma branca rosa vaidosa
Viram seus caminhos cruzados.
Resolveram os dois então
Criar seu próprio canteiro
E alguns anos depois
Três cravos foram acrescentados
Formando um jardim florido.
Cresceram belos, viçosos
E esse jardim colorido
Tinha beleza, harmonia,
Tinha música, poesia.
Mas os anos se passaram
E os cravinhos se cruzaram
Com belas rosas, formosas
E um dia, um a um
Também eles criaram
Seus canteirinhos de amor
E aos poucos foram indo
P'ra longe desse jardim
Que assim perdeu sua cor.
Pouco a pouco
Nos seus canteiros
Nasceram cravos e rosas
E seus jardins se tornaram
Alegres, cheios de amor
E no jardim principal
Só dois ficaram afinal:
Um cravo descolorido
E pétalas de uma rosa
Agora triste e saudosa.
Amy Dine
2011 – Vila do Conde
Angola, Terra de Sonho
Sinto saudades do mar
Do pôr-do-sol, do luar
Do cheiro á terra molhada
Por entre fumo mesclada
De praias de areias brancas
Aonde brincam crianças
E onde existem palmeiras
Que se erguem altaneiras.
A brisa sopra serena
E lá na praia “Morena”
Debruçada sobre a areia
Parecia uma sereia!
Ai, como o tempo nos tira
O melhor da nossa vida…
Relembro essas quedas d'água
E longe, com grande mágoa
Revejo dias passados
P’ra mim jamais olvidados.
Viajei muito em “picadas”
E em pontes muito engraçadas:
Eram dois troncos bem largos
Mas lá cabiam rodados
De jipes e outros carros
Todos bem habituados
A viver essa aventura
De passar na terra dura
E de mergulhar na água
Ou escalar uma frágua!
Como era bonito o mar
Que a areia vinha beijar
Com sua espuma branquinha
Ao fim do dia, á tardinha.
E ao pôr-do-sol afinal
Não há beleza rival!
Pois no vermelho do céu
Recortada como breu
Reflecte-se a natureza
Em toda a sua beleza.
Ai, minha terra de encantos
E agora de meus prantos…
Recordo os embondeiros
E mais além os coqueiros.
Plantações de abacaxis
As goiabas e os Kiwis.
Ao viajarmos na estrada
Quando ainda alvorada
Surgia por entre a bruma
Ou um macaco ou um puma
Um veado ou javali
Saltando aqui e ali.
Tu és terra de ”feitiço”
E talvez seja por isso
Que apesar da distancia
Por vezes eu sou “criança”…
Retorno então ao passado
E vejo-me desse lado,
Aventura sem igual…
Vivo o meu sonho irreal!
Amy Dine
2011 – Vila do Conde
Casa Vazia
Lugares ficaram vazios,
As tagarelices cessaram
Um a um eles se foram…
Não mais ao fim da tarde
A porta se abre
E alguém pergunta:
A mamã, onde está?
No piano e no órgão
As teclas se calaram
E das violas as cordas já não soam
Suas vozes alegres
Já se não ouvem
E seus quartos agora vazios
Ainda guardam memórias
De um passado feliz.
Num recanto, os seus retratos,
Estão lá todos…
Sorriem e olham-me
Recordam-me tempos idos,
Momentos bem vividos!
Mas tudo passa, tudo muda,
Fica a saudade
Mas a vida continua.
Porém, uma vez no ano
Todos nos reencontramos!
Agora já somos mais…
Três vezes mais!
Há de novo risos de crianças,
Há sonhos e esperanças
Os irmãos se abraçam e sorriem
Ouvem-se os acordes das violas
Há amor e alegria
A vida é uma folia!
E por uns dias
Ou apenas umas horas
Vivemos momentos de felicidade
E tentamos esquecer a saudade.
2011 – Vila do Conde
Voltar ao Lar
E a poesia que dizia
A todos nos comovia
Com seu jeito de menino.
“Mãe! Eu fui a tua glória!
Meu nome registado foi na história,
Na história maternal do sofrimento
“Comovente esse momento”!
Mui cedo se baptizou
E falava com fervor
De Jesus e Seu amor
Ao qual sua vida entregou.
Mas vários anos passados
Para o mundo se voltou.
Sua vida então mudou
Desilusões e enganos…
Buscou a felicidade
Naquilo que o mundo oferece,
Do seu DEUS ele se esquece
E vive na irrealidade!
A vida foi-lhe madrasta…
Passaram muitos mais anos
De ilusões, desenganos,
Mas um dia ele disse: BASTA!
A vida é mui sofrida
Mas eu longe de Jesus
Não suporto a minha cruz!
Vou dar uma volta á vida…
Para JESUS se voltou
Pediu perdão ao seu DEUS
Entregou-lhe os fardos seus
E sua vida mudou.
Ainda lhe pesa a cruz!
Hoje, como toda a gente
Tem problemas, está doente
Mas busca força em JESUS.
Continua a caminhada.
E com ELE lado a lado
E por JESUS amparado
Prossegue a sua jornada.
2011 – Vila do Conde
Bateste à porta.
Fui abri-la, entraste,
À volta do meu corpo teus braços colocaste,
Que bom! Estrendi os meus e te enlacei também
Olhámo-nos nos olhos, um do outro, bem,
Eu percebi paixão no teu olhar
... E em mim brotou o desejo de amar.
Senti o quanto me desejavas... Sorri.
Retribuiste-me com o sorriso mais lindo que já vi!
Colaste teus lábios aos meus tão sedentos de amor
E nun repente estremeci, senti calor
Como se uma corrente eléctrica me atravessasse
E o meu coração então parasse
Naquele instante soube o que era desejar
Senti o que era ser mulher
E pela primeira vez se entregar
e os frutos do AMOR colher
Amy Dine
2011 – Vila do Conde
Mandados foram p’rá guerra
Muitos sem porquê saber
Tinham de escavar a terra
Para trincheiras fazer
Longe, em terras de ninguém,
Lutam contra o inimigo.
Mas, afinal, contra quem?
Viviam como toupeiras
Para fugir à metralha
E com tanto confusão
Lá no campo de batalha
A máscara antigás
Já não ajuda, atrapalha.
Histórias que me contaram
Vividas por meu avô
Na Primeira Grande Guerra
Pois ainda jovem médico
Muitas vidas ele salvou.
Mas a história se repete
E corre ao longo dos séculos.
Há cinquenta anos atrás,
Ouvindo um rádio de válvulas,
Lembro-me de ouvir uns sinos
E o locutor a dizer:
Os sinos da velha Goa…
Estando eu então tão longe
Porque vivia em Lisboa
Soube que em terras distante
Havia lutas constantes.
Tinha medo que meu pai
Então com trinta e seis anos
Fosse chamado p’rá guerra.
Dois primos de minha mãe
Tiveram de combater
Lá longe no Ultramar
E em seus corpos trazer
As marcas desses tormentos
Desses terríveis momentos
- Irei matar ou morrer?
Um dia fomos p’ra Angola
Com uma missão diferente
‘Star á frente duma Escola
Dar amor aquela gente
E por vezes lá no Cais
Quando atracava um navio
Que vinha do Continente
Lá trazia um contingente
De tropas pela amurada,
Gente que olhava assustada
Ao ouvir Angola é Nossa.
E o Hino Nacional.
- Qual será a nossa sorte?
Como voltaremos nós
Inteiros como hoje estamos?
Numa caixa de madeira?
Que raio de brincadeira!
E alguns anos mais tarde
Vi amigos meus partir
Para o interior do mato
Aonde a guerra era um facto
Mas eles de lá voltaram…
Um ficou sem uma perna,
Outro sem dedos da mão,
Outro parecia perfeito,
Mas fechado no seu quarto,
Sozinho, na escuridão…
Ao longo de vários anos
Muitos mais eu conheci
Com grandes traumas de guerra
Mas todos foram e são
Heróis que eu reconheci
Pelas façanhas vividas
P’la coragem e valor…
Hoje merecem aqui
Nosso preito de louvor;
Fosse por um ideal
Ou por serem obrigados
Foi assim no mundo inteiro
E também em Portugal.
Ouvi pois senhores da guerra
Entendei-vos entre vós
E deixai em paz a terra
Pois quem sofre somos nós.
Amy Dine
2011 – V. Conde
Sessenta rosas com espinhos
Rodeadas de carinhos
Daqueles a quem amei.
Sessenta anos vividos
Alguns deles bem sofridos;
A vida é assim…bem sei!
Há cinquenta anos atrás
Experimentei doce paz
Ao me entregar a JESUS
E agora em cada dia
Sinto calma e alegria
Ao carregar minha cruz.
JESUS caminha a meu lado
Ele carrega-me o fardo
E SUA mão me sustem
Quero assim continuar
Até um dia chegar
Á Nova Jerusalem.
Sózinha não quero entrar!
Os que amei têm de estar
Nesse dia a meu lado.
Todos juntos viveremos
Perfeita paz gozaremos
Nesse lar tão desejado
Pois junto ao SALVADOR
Só existe eterno amor !
Amy Dine
2011 – V. Conde
NOTURNO
Altas horas da noite…Estou deitada,
Mas há muito me viro e reviro, acordada.
Ouço a chuva a cair e o vento a soprar,
Um cão que ladra, a ronca a tocar,
Um carro que passa lá na estrada
E eu penso em tudo… e em nada.
Então de repente vem o silêncio,bem de mansinho…
Envolve-me em seus braços com carinho…
Ele vem conversar comigo !
E falamos os dois de amigo para amigo.
Traz-me recordações de um passado distante,
Lembranças de um presente de lutas vibrante,
Duvidas sobre um futuro ausente e incerto
Mas que se encontra já aqui,tão perto.
Recordo os que já partiram. Estão em paz !
Mas que saudade essa lembrança me traz…
Penso nos que lutam contra doença,guerra,fome ou dor…
Tem misericórdia deles e tambem de nós, SENHOR !
Pouco a pouco minha mente se acalma
E a paz se instala dentro de minha alma.
Meu coração abranda o ritmo. Sinto o corpo relaxar.
Os olhos cerram-se. É o tão ansiado sono que está a chegar…!
Vem-me buscar e deixo-me levar devagarinho,
Para além do tempo, a percorrer outro caminho.
Amy Dine
2011 – V. Conde
NATAL DE CONTRASTES
Qual Rei do mundo, Deus, filho de Deus,
Jesus desceu um dia lá dos céus.
Num frágil bebézinho ele encarnou
E então em ser humano se tornou.
Em uma estrebaria Ele nasceu
E tendo vindo para o que era seu,
Aqui na terra poucos o amaram
E ainda menos, honras lhe prestaram…
Por berço a manjedoura ele tomou
E alguém um jumentinho lhe emprestou.
Dormia em casa dos amigos seus
E ninguém via n’Ele o próprio Deus.
A paz e o amor Ele pregava
E a fazer o bem os ensinava
Mas os que não gostavam de o ouvir
Logo cuidaram de o impedir.
E para a humanidade Ele salvar
Da morte não se pode libertar
E essa cruz na qual nos trouxe a paz
Não era sua, mas de Barrabás!
Agora que dois mil anos passaram
Os seres humanos ainda não mudaram…
E eis de novo chega outro Natal
Com tudo parecendo surreal:
Brilham as luzes, ruas enfeitadas,
Lojas e lojas de gente apinhadas
Para seguir somente a tradição
De dar prendinhas sem qualquer razão…
Nas casas ricas há grandes manjares;
Se com mais atenção tu reparares,
Verás que nesta quadra de Natal
Muitas famílias há passando mal…
Alguns já nem terão pão p’ra comer
E outros sem ter casa p’ra viver…
E a multidão prossegue indiferente:
- Eu e só eu, os outros não são gente!
E tu Jesus onde estás, afinal?
Qual é o teu lugar neste Natal?
‘Starás ainda em Belém, na estrebaria
Rodeado de José e de Maria
Com o tal boi e vaca a te aquecer
Pastores e magos prendas te trazer?
Ou segues p’las estradas poeirentas
Da vida, encharcadas, lamacentas
Nas quais abunda a fome e muita dor
Mas onde podes dar o teu amor,
E uma palavra de consolo e paz
Que à alma aflita a alegria traz?
- Para que possas ir, irei também,
Unidos chegaremos mais além.
Meus pés levar-nos-ão aos aflitos,
Os meus ouvidos ouvirão seus gritos,
As minhas mãos lhes levarão calor
E a minha boca palavras de amor…
Deixa o presépio e vem, ó meu Jesus,
Trazer-nos tua paz e a tua luz,
Para que cada um seja um irmão
Nasce, Senhor, em cada coração!
Amy Dine
2011 – V. Conde
NATAL
Jesus nasce entre os mortais
Numa pobre estrebaria
Rodeado de animais
Filho de Deus e Maria
Os pastores lá nos campos
A guardar seus animais
Ouvem coros de anjos santos:
- Paz na terra entre os mortais
A estrela que guiou
Os Magos até Belém
À choupana os levou
‘Te Jesus, Supremo bem
E nessa noite serena
Cheia de paz e de amor
Torna-se a Terra pequena:
- Nasceu nela o Salvador
Amy Dine
2011 – V. Conde
Anseio
Em meu coração, desde criança,
Alimento a esperança
De um dia viver uma vida melhor
Num mundo diferente
Onde toda a gente viva contente
Em paz e amor
Onde existam ruas com crianças a brincar,
Sem receio de alguém que as venha roubar,
Em que o ser humano e cada animal
Saiba conviver sem se agredir,
Sem se ferir,
Sem fazer mal…
Anseio o dia em que a fome e a guerra
Sejam banidos da face da terra
E a morte para sempre seja vencida
Dando lugar enfim à plena vida.
Fim do sofrimento,
Vida sem tormento…
A eternidade, afinal…
A existência ideal!
Amy Dine
2011 – V. Conde
No silêncio de minha alma aflita
Grito de Paixão
Ouvem-se gritos de dor e de revolta
E meu coração clama por justiça e paz.
Lágrimas rolam sem me molhar as faces
E surge em minha mente a pergunta sem resposta:
Porquê este tormento sem fim?
Porque tudo tem de ser assim?
Aonde é que eu falhei?
Será que errei?
Como poderia tudo ser diferente…
Até quando?
Até sempre? Não sei…
Amy Dine
2012 – V. Conde
A Vida
Praia de areias limpas, finas e doiradas
Onde o mar se vem espraiar mansamente
Assim é a vida no seu começo…
Com o decorrer dos anos, ao subirem e descerem as marés
O mar vai colocando no areal restos de conchas.
Rolhas, garrafas, pedaços de madeira, papeis,
Toda a espécie de detritos sem fim…
Aos poucos a areia tornou-se mais grossa…
E mais suja…
Também surgiram aqui e ali algumas rochas,
Colocadas por nós,
Na tentativa vã de nos defendermos da fúria das ondas…
Tudo em vão…
Pois em dias de tempestade o mar avança
Impiedosamente sobre o areal
Arrastando consigo parte dele para as suas profundezas.
Na areia molhada vêem-se pegadas…
Gente que passou deixando suas marcas indeléveis
Até que uma vaga mais alterosa as venha apagar.
Bandos de gaivotas pousam na areia
E aí procuram repouso e alimento.
Aos poucos a praia então encantadora
Vai-se tornando cada vez mais suja
E sua forma vai também mudando.
Surge o entardecer e no seu ocaso
O sol vai descendo em direcção ao mar…
Se não houver nuvens no céu
Poderemos ainda contemplá-lo, em todo o seu esplendor
Enquanto rapidamente” mergulha “ nas águas do oceano.
Apenas se divisa ainda um clarão vermelho no céu de anil.
Finalmente a escuridão da noite cai sobre a praia.
Amy Dine
2012 – V. Conde
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